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Illana Kern, diretora de gente da Ambev: cultura de metas agressivas deu espaço para oficinas de vulnerabilidade e “fuckup sessions” /  Celso Doni/VOCÊ RH Leia mais em: https://vocerh.abril.com.br/lideranca/ambev-reformula-cultura-agressiva-e-abraca-aprendizados-trazidos-por-erros/
Illana Kern, diretora de gente da Ambev: cultura de metas agressivas deu espaço para oficinas de vulnerabilidade e “fuckup sessions” /  Celso Doni/VOCÊ RH Leia mais em: https://vocerh.abril.com.br/lideranca/ambev-reformula-cultura-agressiva-e-abraca-aprendizados-trazidos-por-erros/

Ambev reformula cultura agressiva e abraça aprendizados trazidos por erros

Líderes foram convidados a participar das chamadas Fuckup Sessions, em que revelam erros e lições ao longo da carreira

Uma das maiores dificuldades em incentivar a vulnerabilidade é que tendemos a nos resguardar ainda mais quando sentimos que temos algo a perder. No caso da liderança, isso pode significar o medo de arranhar a reputação ou de perder a autoridade, por exemplo. Para as equipes, o receio é o de sofrer retaliações caso assumam algum erro ou serem consideradas menos competentes ao demonstrar emoções.

Muitas vezes, para mudar essa mentalidade é preciso um trabalho de desaprendizagem. Isso foi o que a Ambev, fabricante de bebidas, percebeu. Por muitos anos, a empresa foi famosa por ter uma liderança de perfil arrojado e com foco mais agressivo nas metas. Mas, em 2020, a companhia reavaliou esse posicionamento para se renovar. “Nossa cultura forte foi muito importante para construir a expansão”, afirma Illana Kern, diretora de gente da Ambev. “Mas, para continuar crescendo e inovando, a gente precisava de perfis mais diversos, e eles só seriam atraídos se a cultura se transformasse.”

Com a ajuda de uma consultoria, a Ambev ouviu líderes e liderados para entender o que eles estavam sentindo. O resultado foi que era preciso estimular valores como colaboração, escuta ativa e mais diversidade e inclusão. Além disso, como a busca era por inovação, a cultura do erro precisava ser incentivada. A resposta para isso, eles perceberam, estava em criar um ambiente de autenticidade e de segurança psicológica. “Para gerar segurança, você precisa demonstrar vulnerabilidade”, diz Illana. “Isso é fundamental para as pessoas confiarem umas nas outras e acreditarem que podem errar, tentar de novo e criar algo melhor.”

Tanto que uma das primeiras iniciativas, já em 2020, foi oferecer oficinas de vulnerabilidade para as lideranças. Nas dinâmicas, perguntava-se quem já havia sofrido com a perda de um parente, por exemplo, ou já havia sofrido de depressão. “As pessoas se mostram extremamente vulneráveis e começam a se olhar no olho”, diz Illana. “Muitas vezes, quem está ao seu lado no trabalho carrega problemas que você nem faz ideia.” Ter essa percepção muda a forma como as pessoas se relacionam no dia a dia — ajudando a perceber que às vezes é melhor oferecer mais apoio em vez de mais cobrança.

Para reforçar que os erros fazem parte, os líderes foram convidados a participar das chamadas Fuckup Sessions. Elas aconteceram em meio a um festival online dentro das trilhas de aprendizado da Ambev On, uma plataforma de aprendizagem contínua multiformato. Nelas, eles revelavam os erros ao longo da carreira e o que aquilo havia ensinado para eles. “Contar isso é importante para as pessoas verem que tivemos produtos que não deram certo, mas que nos fortalecemos com os aprendizados.”

Com mais de 30 mil funcionários em diversas regiões do Brasil, o desafio é garantir que a transformação atinja a todos. Até o momento, foram mil pessoas treinadas em segurança psicológica, vulnerabilidade e vieses. “Não é algo que dá para mudar do dia para a noite”, diz Illana. Mas os resultados já começam a aparecer. Antes, quando a empresa tentava trazer do mercado pessoas com perfis diferentes em um nível hierárquico maior, para fomentar a diversidade, havia resistência por parte de alguns profissionais. “Eles tinham medo da reputação de um lugar agressivo”, diz. Agora, a receptividade é maior. “Eles têm muito mais abertura e querem vir conhecer.”

Fonte: https://vocerh.abril.com.br

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